sexta-feira, 15 de março de 2013

O engenheiro e a violência das nossas leis


Contratação, subcontratação e serviços de alta tecnologia.
A tradição define valores relativamente fáceis de precificar, e quando tratamos de inovação tecnológica, serviços especiais, profissionais altamente especializados?
No mundo do futebol ninguém discute o custo dos jogadores. Ao contrário, quando algum atleta consegue um bom contrato é valorizado. Por quê? Simples, todos entendem um pouco de bola e pernas e assim sabem reconhecer um astro de méritos superiores. Os jogadores têm em torno deles uma equipe de mídia e contratadores, gerando custos, mas convencendo os jogadores da plateia que merecem ser endeusados.
Nas artes musicais, principalmente, um talento especial pode entrar para a história.
Médicos ficam famosos tratando gente importante e políticos criando discursos de autoelogio. Generais precisam de guerras enquanto arquitetos de gente que pague suas excentricidades, mais ainda quando agradam aos olhos. E na Engenharia?
Alguém já viu turista querendo saber nome de calculistas, fiscais, construtores? Nem de pirâmides sabemos muito.
Assim vemos com pesar julgamentos contra empresas de alta tecnologia, usando até argumentos de que subcontrataram outras, tal como acontece com muita empreiteira considerada grande.
Há dois anos ou pouco mais vi a exposição dos motivos de criação de uma ONG “estatal” para cuidar de hospital. Chegamos a esse ponto por quê?
A legislação que “protege” o funcionário público matou essa função criando privilegiados, muitos deles fazendo de conta que trabalham para receber salários ridículos. Esse mundo de teatrinhos tem sido extremamente danoso ao Brasil. Gera dúvidas, desperdício de dinheiro, juízos apressados e resultados tenebrosos.
Vimos a guerra contra os radares. Realmente o fastígio de poder viabilizou coisas ruins, mas quantas pessoas de lá para cá morreram ou ficaram aleijadas porque esses sistemas foram desativados em cidades e rodovias?
Toda a jurisprudência, legislação, ética e educação em torno da Engenharia merecem revisões radicais. Somos um país mais e mais confuso, viabilizando todo tipo de intermediação de negócios.
Queremos um Brasil honesto e sério, que tal começar eliminando leis e mudando critérios de julgamento, formando-os a partir de inquéritos que realmente demonstrem má fé e não simplesmente a falta de algum carimbo ou desrespeito aos tão amados rituais?
Nessa questão até religiosa vemos e esquecemos comportamentos essenciais à convivência humana. A maioria das pessoas tem optado por critérios de campo de batalha, onde a disciplina a regulamentos é essencial. Em tempos de paz o fundamental é o aprimoramento da liberdade, da fraternidade e a construção de um mundo melhor. Isso não conseguiremos satanizando instituições e profissionais, simplesmente porque agiram de forma diferente e distante da compreensão limitada que todos possuímos diante da evolução exponencial de técnicas, sistemas, equipamentos, processos etc.
Não se deve julgar profissionais vendo-os com as lentes da Idade Média.
Subcontrata-se engenheiro ao nível mais baixo por efeito da suprema ignorância que domina nossas mentes e diante de mídias negativas em torno da profissão há pouco tempo, por exemplo, vendo um dos programas do Jô Soares, nele o apresentador até procurava ridicularizar a profissão (engenharia em eletrônica, se não me engano) do músico com quem falava, que se declarava engenheiro e gostar dessa formação. Ao “dono” do programa parecia inadmissível que um grande artista pudesse gostar de uma profissão como esta. Provavelmente esse indivíduo cuja vaidade não cabe em seu corpo esqueceu grandes artistas e arquitetos da Humanidade, gênios universais, que fizeram muito mais do que belos quadros.
Os gênios são raros, os grandes profissionais mais numerosos e bons engenheiros existem e merecem ser bem pagos, assim como suas pequenas empresas, feitas exatamente para escapar da legislação perversa criada no Brasil. Nada mais natural, portanto, que para escapar de contratos ruins e que não atendem o que o contratante deseja que se procure contornar leis tão simplórias quanto a 8666/93 (Civil).

Cascaes
15.3.2013

Civil, C. (s.d.). Lei 8.666, de 21 de junho de 1993. Acesso em 23 de 4 de 2012, disponível em Presidência da República - Casa Civil: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm

Nenhum comentário: