Concessões, auditorias técnicas, tarifas e custos
Por motivos comerciais o Brasil e muitos países de “boa
qualidade” optaram por análises contábeis e critérios essencialmente jurídicos
na avaliação de empresas concessionárias de serviços essenciais.
É rotina encontrar relatórios de avaliação contábil e indicadores
de Bolsa de Valores quando estudamos o valor e desempenho de grandes
instalações e serviços importantes. A Engenharia tornou-se ciência acessória de
economistas que, do alto de suas certezas em torno de números difusos decidem
confusamente, sem atenção para a importância e demandas de sistemas mais e mais
complexos, portanto passíveis de causarem tremendas catástrofes se mal
cuidados.
Paralelamente até sistemas mais simples se apoiam em
medições simplórias, operação primária, decisões oportunistas etc., levando a
tarifas pesadas e não auditadas com rigor.
O desprezo pela boa Engenharia, sem falar em Urbanismo,
Arquitetura e até a sagrada Sociologia é tão grande que os debates em torno de
projetos gigantescos pairam em torno do “eu gosto”, “não gosto”, “é feio”, “é
bonito” etc.
Concentramo-nos na Engenharia da qual podemos falar com
conhecimento de causa após uma vida dedicada a essa profissão, sem pretender
relegar outras profissões, todas elas, contudo, submetidas a julgamentos
igualmente perigosos, degradantes.
No Brasil o longo período de crise econômica, em parte
produto dos gênios da cornucópia, paralisou a nação, degradando o exercício de
muitas profissões. Pior ainda, ganhamos o “elogio à loucura dos projetos e
serviços de menor preço”.
Tudo isso, contudo, poderia ser aceito se nossas empresas,
comunidades, autarquias etc. se submetessem a avaliações rotineiras de
auditorias técnicas rigorosas.
Descobrimos, contudo, que até possíveis casos amorosos
decidiram cargos de agências reguladoras, criadas estrepitosamente como solução
de todas as dúvidas, submetidas, contudo, a contingenciamentos absurdos de
recursos e interferências políticas e empresariais (provavelmente) da pior
espécie.
No Paraná agora vivemos o exemplo do drama em torno da
integração do transporte coletivo de regiões metropolitanas, com destaque para
a Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Podemos confiar em contas e números
apresentados? Foram auditados severamente? Qual é o desempenho dos sistemas ancilares.
Aliás, é consulta obrigatória a explicação que o Dr. Jayme
Buarque de Hollanda dá a essa palavra estranha (Jayme Buarque de Hollanda, do INEE: Você sabe o que é ancilar?, 2006) nesse momento em que
o Brasil se aproxima de um possível racionamento (Período chuvoso acaba e nível dos reservatórios é o menor desde 2001,
2013) .
Leis desses últimos tempos confundiram mais do que ajudaram o Brasil...
E a integração do transporte coletivo urbano da RMC? Par e
passo os responsáveis pelo que virá vão cumprindo etapas formais,
regulamentares. Temos até uma tarifa técnica calculada (Custos da Rede Integrada de Transporte, 2013) , foi auditada de que
forma? Quem gerou os dados? Como mediram e que qualidade tem o trajeto da
passagem pela catraca “eletrônica” até as planilhas de cálculo das tarifas?
É tanta “caixa preta” que ficamos intrigados com a
docilidade em torno da aceitação desse jogo perverso ao contribuinte
(subsídios) e aos usuários do transporte coletivo, afinal de contas já tivemos
um tarifaço em 2013.
Os prazos de arrependimento ainda existem.
Talvez a luz se faça e nossos gerentes metropolitanos,
prefeitos, Governador etc. acordem para esse teatrinho que incomoda demais,
afinal quem paga a conta é o povo do Estado do Paraná.
O exemplo vale para todas as concessionárias de todos os
serviços essenciais, precisamos de qualidade, confiabilidade e tarifas
confiáveis e justas.
Temos empresas dedicadas a boas auditorias técnicas em
condições de enfrentar o desafio de por o Brasil no bom caminho?
Assim como é um desastre o custo atual para se evitar um
racionamento (Ilumina - Instituto de
Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico) de energia (imprevidência
em 2012? Erros de avaliação? Critérios errados?) queremos, até em questões
menores, saber se, por exemplo, os serviços urbanos são os melhores que podemos
ter em relação a seus custos diretos e indiretos.
Cascaes
2.5.2013
(s.d.). Fonte: Ilumina - Instituto de Desenvolvimento
Estratégico do Setor Elétrico:
http://www.ilumina.org.br/zpublisher/secoes/home.asp
Custos da Rede Integrada de Transporte. (1 de 5 de 2013). Fonte: URBS:
http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/frontend_dev.php/transporte/tarifas-custos
Amato, F. (2 de 5 de 2013). Período chuvoso acaba e
nível dos reservatórios é o menor desde 2001. Fonte: G1:
http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/05/periodo-chuvoso-acaba-e-nivel-dos-reservatorios-e-o-menor-desde-2001.html
Hollanda, J. B. (29 de 9 de 2006). Jayme Buarque de
Hollanda, do INEE: Você sabe o que é ancilar? Fonte: INEE:
http://www.inee.org.br/informacoes_imprensa_artigo.asp?id=293&Cat=info
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