O acidente de grande porte mais recente no Brasil será
motivo de análises e estudos. A empresa responsável, uma multinacional de
grande porte, conhece a dinâmica nacional e sabe que esse como outros que já
aconteceram podem ser esquecidos rapidamente se os formadores de opinião e
aqueles que aturem para cobrar o respeito ao povo brasileiro forem devidamente
tratados.
O Brasil vai ganhando instalações, prédios, boates, pontes
etc. que podem matar muita gente além de, alguns, provocarem impactos violentos
(infinitamente menores que aqueles que nossas cidades e algumas empresas criam
rotineiramente). Em Minas Gerais aconteceu algo assustador e midiático, assim
será difícil esquecer. A memória técnica ganhou um evento que poderá ser motivo
de estudos intermináveis, e a formação de cultura política?
A Humanidade cresce em número e gigantismo de seus membros. Isso
significa a necessidade de mais e mais recursos artificiais e naturais para
sustentar essa população nem sempre consciente do que significa. Pensar dói.
E a Engenharia?
A legislação nacional é extremamente deficiente além de
carente de dispositivos reais e competentes de ensaios, fiscalização,
monitoramento, controles etc. As agências reguladoras tão festejadas na criação
delas sempre sofreram pesadamente o contingenciamento de verbas além de
inibição de fonte de recursos. Políticos e outros ganharam prestígio atuando
para “salvar” seus patrocinadores de encargos e impostos. Nossas universidades
simulam laboratórios e cursos que espalham diplomas devidamente carimbados e
avalizados por “entidades de defesa da profissão” e o MEC.
É bom lembrar.
Com certeza o Brasil demorou demais para entrar no século 20.
Iniciou os 100 anos que passaram quebrado por revoluções e guerras, sofreu da
pior maneira os efeitos dos conflitos internacionais e de nossa mediocridade,
oportunismo e ingenuidade em relação a questões ideológicas, principalmente. Fomos
vassalos de grandes potências...
E agora?
Se existe algo urgente na Engenharia e noutras profissões é
a humildade e a preocupação sincera, honesta e eficaz de rever programas,
cursos e recursos para a formação de bons profissionais e o aprimoramento de
normas, regulamentos... e a formação de boas equipes de ensaios, de análise de
tudo o que existe para que nosso povo deixe de viver em ambientes inseguros. Isso
vale para tudo, mais ainda quando vemos prédios, pontes, viadutos, túneis etc.
gigantescos em construção.
Vivemos sob a ingenuidade dos carimbos e morremos ou
perdemos qualidade de vida em razão da alienação, leniência, corrupção ou total
ignorância do que acontece à nossa volta. Acreditamos que a vingança legal via
Poder Judiciário é suficiente, desprezamos a possibilidade de prevenção,
segurança, confiabilidade, melhor técnica, boas equipes de profissionais etc.
Temos, sim, essa percepção no futebol, e no resto?
Qualidade tem custos, qualidade não se mede por propostas
comerciais. Nossas equipes e leis para concorrência e aceitação de contratos
deveriam ser, elas principalmente, de altíssimo nível e capazes de entender o
que aceitam, com o devido apoio de instituições legais de controle.
Infelizmente o lodaçal que vamos descobrindo com as muitas
ações divulgadas pelos órgãos de vigilância legal e, principalmente, com a
Operação Lava Jato, demonstram que as grandes empresas usam suas capacidades
intelectuais e técnicas de forma inadequada. A riqueza estonteante de algumas
famílias nem sempre foi o produto do trabalho sério e honesto.
O Brasil precisa evoluir. Está aprendendo de forma
trágica...
Cascaes
6.11.2015
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