sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Tragédias e a Engenharia




A importância da boa e severa Engenharia
O acidente de grande porte mais recente no Brasil será motivo de análises e estudos. A empresa responsável, uma multinacional de grande porte, conhece a dinâmica nacional e sabe que esse como outros que já aconteceram podem ser esquecidos rapidamente se os formadores de opinião e aqueles que aturem para cobrar o respeito ao povo brasileiro forem devidamente tratados.
O Brasil vai ganhando instalações, prédios, boates, pontes etc. que podem matar muita gente além de, alguns, provocarem impactos violentos (infinitamente menores que aqueles que nossas cidades e algumas empresas criam rotineiramente). Em Minas Gerais aconteceu algo assustador e midiático, assim será difícil esquecer. A memória técnica ganhou um evento que poderá ser motivo de estudos intermináveis, e a formação de cultura política?
A Humanidade cresce em número e gigantismo de seus membros. Isso significa a necessidade de mais e mais recursos artificiais e naturais para sustentar essa população nem sempre consciente do que significa. Pensar dói.
E a Engenharia?
A legislação nacional é extremamente deficiente além de carente de dispositivos reais e competentes de ensaios, fiscalização, monitoramento, controles etc. As agências reguladoras tão festejadas na criação delas sempre sofreram pesadamente o contingenciamento de verbas além de inibição de fonte de recursos. Políticos e outros ganharam prestígio atuando para “salvar” seus patrocinadores de encargos e impostos. Nossas universidades simulam laboratórios e cursos que espalham diplomas devidamente carimbados e avalizados por “entidades de defesa da profissão” e o MEC.
É bom lembrar.
Com certeza o Brasil demorou demais para entrar no século 20. Iniciou os 100 anos que passaram quebrado por revoluções e guerras, sofreu da pior maneira os efeitos dos conflitos internacionais e de nossa mediocridade, oportunismo e ingenuidade em relação a questões ideológicas, principalmente. Fomos vassalos de grandes potências...
E agora?
Se existe algo urgente na Engenharia e noutras profissões é a humildade e a preocupação sincera, honesta e eficaz de rever programas, cursos e recursos para a formação de bons profissionais e o aprimoramento de normas, regulamentos... e a formação de boas equipes de ensaios, de análise de tudo o que existe para que nosso povo deixe de viver em ambientes inseguros. Isso vale para tudo, mais ainda quando vemos prédios, pontes, viadutos, túneis etc. gigantescos em construção.
Vivemos sob a ingenuidade dos carimbos e morremos ou perdemos qualidade de vida em razão da alienação, leniência, corrupção ou total ignorância do que acontece à nossa volta. Acreditamos que a vingança legal via Poder Judiciário é suficiente, desprezamos a possibilidade de prevenção, segurança, confiabilidade, melhor técnica, boas equipes de profissionais etc. Temos, sim, essa percepção no futebol, e no resto?
Qualidade tem custos, qualidade não se mede por propostas comerciais. Nossas equipes e leis para concorrência e aceitação de contratos deveriam ser, elas principalmente, de altíssimo nível e capazes de entender o que aceitam, com o devido apoio de instituições legais de controle.
Infelizmente o lodaçal que vamos descobrindo com as muitas ações divulgadas pelos órgãos de vigilância legal e, principalmente, com a Operação Lava Jato, demonstram que as grandes empresas usam suas capacidades intelectuais e técnicas de forma inadequada. A riqueza estonteante de algumas famílias nem sempre foi o produto do trabalho sério e honesto.
O Brasil precisa evoluir. Está aprendendo de forma trágica...

Cascaes
6.11.2015







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