quarta-feira, 22 de abril de 2015

Onde erramos? Qual é a qualidade dos nossos profissionais?





Valorização Profissional – uma necessidade urgente
Temos cultura formalista, burocrática, gostamos de carimbos, títulos e diplomas; realmente podemos, temos capacidade para fazer com qualidade e confiabilidade o que dizem nossos diplomas, certificados, descrição de cargos, medalhas etc.?
Recentemente vimos um filme fantástico de posse da Aliança Francesa (minha esposa tem o direito de emprestar filmes e livros da AF) que tratava da construção das grandes catedrais francesas. Que aula de Engenharia e Arquitetura!
A História da Humanidade tem muitos exemplos de obras colossais, com destaque para a China que fez “milagres” há alguns milênios e o Egito de tirava do Rio Nilo o máximo que podia. Na Grécia Atenas foi um exemplo maravilhoso, não apenas para a Engenharia, Arquitetura, artes plásticas, mas também para a Filosofia. Cartago disputou com Roma o domínio do Mar Mediterrâneo e entre outras razões estava a tecnologia de construção de navios de guerra. Quando os romanos aprenderam souberam usar melhor o que os cartagineses desenvolveram, isso sem falar, talvez, de padrões melhores de tratamento de seus soldados e até escravos...; todas as estradas levavam à Roma, essa era uma expressão que só perdeu sentido quando essa cidade extraordinária sucumbiu à força de suas tropas (principalmente) e a conflitos e crenças revolucionárias, mas ineficazes.
Na antiguidade não existiam universidades, faculdades, escolas técnicas exceto algumas academias e liceus dedicados à Filosofia e ensino de artes místicas em lugares muito especiais.
No meio de povos mais avançados tínhamos as corporações de ofício.
O trabalho dessas muitas corporações e de mestres fenomenais, cujos nomes dificilmente aparecem com destaque aos olhos de turistas apressados, é de compreensão complexa e surge à luz de nossos dias aos poucos em serviços de especialistas, principalmente daqueles que procuram preservar testemunhos e obras de arte de nossos ancestrais.
E agora?
Nossas cidades são a demonstração material do conhecimento humano. Elas e moradores de prédios (arquivos de gente) podem dizer o que têm e a qualidade do que recebem, inclusive em lojas famosas quando trocam eletrodomésticos antigos por coisas modernas e feitas para clientes diferentes do que somos.
O que podemos dizer quando sentimos que estamos muito longe dos padrões que sentimos nos países mais desenvolvidos?
Continuamos importando maravilhas e instalando-as em ambientes onde até creches são insuficientes ou mitos distantes?
No Brasil temos um desafio colossal, viabilizar um bom padrão de educação e ensino em todos os níveis e atividades. Se existe algo a ser corrigido, aprimorado ou modificado radicalmente é a forma de produzir profissionais e cidadãos.
Precisamos urgentemente de bons projetos estratégicos (cidades, estados e União) de desenvolvimento para não ficarmos embasbacados vendo trens de altíssima velocidade disparando entre cidades, sistemas de comunicação que dependem da boa vontade de estrangeiros distantes para termos algo que preste, dependência de foguetes e satélites que não conseguimos colocar em órbita, médicos realmente sensíveis e competentes, hospitais dos quais não tenhamos que sair carregados com urgência, calçadas, ruas, parques, prédios, estádios, viadutos e trincheiras, etc. que não sejam mal feitos ou perigosos apesar de desproporcionalmente caros. Legislação? Nem laboratórios bem equipados temos para certificar o que é projetado e feito no Brasil. O que vale é reduzir tarifas e aumentar impostos e taxas, inclusive de cartórios em tempos de informática e automação.
Estudamos em São Paulo (cursinho), quando pudemos conviver com alunos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica em 1963, que gênios! Ali aprendemos a importância de vestibulares e critérios de admissão severos. O resultado é visível. A EMBRAER é um bom exemplo desta base assim como boas escolas de Agronomia (que nos deram a EMBRAPA), Eletromecânica e Medicina viabilizaram profissionais excelentes que marcaram época e empresas brasileiras que tiraram o Brasil a partir da década de setenta de um atraso grotesco. E atualmente?
Caímos na armadilha de integrar e formar universidades e dar a essas coleções de escolas um sistema corporativo de formação de suas gerências, funcionou?
Impedimos a importação de professores e doutores, cristalizamos nossa ignorância.
Lutamos por planos de carreira onde o principal mérito é colecionar diplomas e certificados dados entre si e o tempo de “trabalho”.
Em nossa pátria dos carimbos hoje temos uma coleção de organizações para “defesa da profissão”. Isso é bom? A quem defendem? donos de diplomas?
Sabemos que a melhor demonstração de qualquer teoria é o resultado obtido.
Graças à Operação Lava Jato ficamos sabendo com detalhes do “modus operandi” de empreiteiras gigantescas, Petrobras, equipes gerenciais etc. no Brasil. Dolosamente estávamos(?) sob muitos critérios maldosos(?) de execução de obras. No mínimo poderíamos perguntar, o que teria sido da história da Humanidade se esse tipo de gente comandasse a construção dos impérios e obras da Antiguidade? Noé teria feito sua arca?

Cascaes
22.4.015

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