Para o quê elegemos governantes e representantes no Brasil?
O Prêmio Nobel em Literatura, Dr. Mário Vargas Lhosa,
escreveu e publicou com sucesso mundial uma coleção de livros que mereceriam
leitura crítica de todos os brasileiros. Seus livros, quando criando romances
no norte da América do Sul, em especial no Peru, destacam a figura do padrinho.
A corrupção e o desrespeito aos direitos humanos era (ainda é?) livre desde que
o criminoso gozasse da proteção de algum figurão. Note-se que seus livros abordam
temas e ambientes preferencialmente do século 20 e esses chefes tinham prazeres
imensuráveis em seus cargos.
No Brasil os portugueses aprenderam logo as vantagens do
cumpadrismo de povos pré-colombianos que viviam por aqui de forma razoavelmente
organizada.
Hoje no nosso país sentimos os efeitos do companheirismo
político, da lealdade a chefes a qualquer preço. Num país organizado para ser
ditatorial, positivista, contrariar personalidades entronizadas é algo complexo
e de alto custo.
O cenário de racionamento de água, luz, metrô e até
calçadas, dinheiro e perspectivas sombrias para 2015 mostram os efeitos de uma
cultura de formação de quadros técnicos acovardados e oportunistas.
Evidentemente as exceções existem, poderíamos talvez até dizer o contrário, que
a incompetência e a desonestidade são raras, mas localizadas, provavelmente, em
postos chaves da nação.
Em tese queremos que nossos grandes chefes realmente
governem com eficácia. As campanhas eleitorais dizem maravilhas dos candidatos,
e depois?
A desculpa é a estiagem, que Brasil e qual era a
probabilidade de mudanças climáticas severas? A superfície de nossa pátria
mudou demais nessas últimas décadas, queriam eventos hidrológicos bem
comportados? Ainda usam séries históricas e linearizam seus dados a partir de
muitas décadas passadas?
Nossas universidades públicas e as escolas de segundo grau
ensinam muito sobre as maldades do capitalismo e do imperialismo, e a
Matemática, Física, Química, Botânica, Ciências Naturais? Em muitas
universidades e suas faculdades a sensação que tivemos foi a falta absoluta de
critérios sólidos de admissão. Criamos a ilusão dos diplomas, dos conselhos de
defesa da profissão, etc.; pior ainda, em ambientes universitários mais
parecidos com escolinhas de primeiro grau os alunos entram cheirando a leite e
saem embebidos de cerveja, fazer o quê? com a diferença de que em muitas delas
os estacionamentos para automóveis dos alunos são infinitamente maiores do que
os laboratórios e bibliotecas. Antigamente o jeito era usar as pernas,
bicicletas ou bondes...
Qual é a qualidade e rigor do ensino na área de Ciências
Exatas?
Algo está errado em nosso país. Se a falta de energia em
nossas hidrelétricas e os atrasos de obras importantíssimas têm explicações
razoáveis, principalmente os efeitos de uma legislação construída à semelhança
das existentes em países estabilizados, o racionamento de água é inacreditável
quando sabemos que são polos tecnológicos e a água é absolutamente essencial. Qual
era a análise probabilística que os planejadores faziam sabendo que a
implementação de soluções envolve projetos que exigem decisões com décadas de
antecedência? Metrópoles cortadas por
rios altamente poluídos (falta de tratamento de efluentes) querem ir buscar
água de lugares distantes e culpam o povo, talvez com razão, que elegeu tantos
prefeitos e governadores alienados.
Multa em cima dos consumidores.
Precisamos de boas lideranças, bem preparadas, inteligentes,
realmente preocupadas com o futuro de nosso país.
Está na hora de mudar para melhor.
Cascaes
26.1.2015