Um seminário de fortes emoções
Ontem, dia 17 de outubro de 2013, tivemos o primeiro dia de
palestras no evento “1 Seminário de
Tecnologia e Acessibilidade”, realizado pelo Instituto de Engenharia do Paraná.
A abertura já preparou a todos nós para o conteúdo de uma jornada
emocionante, a apresentação dos “Meninos de Angola” e do “Coral DIKAION”. Vozes
e imagens tocantes pela beleza de tantos rostos e vozes, vozes que saíam do
corpo, das gargantas e mãos de crianças e a lembrança de nossas origens
africanas com as músicas maravilhosas de um coral de jovens de Angola,
deficientes visuais e ricos de sentimentos.
Após as palavras iniciais de apresentação do seminário, a
palestra de duas pessoas que tocaram fundo em nossas consciências. Um pai e uma
mãe falaram de suas lutas, desafios e propostas para melhorar o atendimento a
pessoas com deficiência, idosos, doentes e lesionadas ainda que transitoriamente.
Berenice Piana e Eduardo Menezes da Silva mereceram aplausos e choros dos mais
emotivos. Colocaram advertências: Quem pode afirmar que nunca precisará de
apoios que imploram? Alguém sabe o inferno de quem depende dos serviços,
remédios e equipamentos de apoio a tratamentos complexos no Brasil?
Com certeza o Brasil está “anos luz” distante do que deveria
e poderia oferecer. Infelizmente nossas prioridades lúdicas e esportivas
distraem o povo demais.
Assustador é saber a progressão do autismo na Humanidade,
sintoma de que algo muito grave em nossos hábitos modernos ainda não foi
percebido de forma adequada, assim como frustrante é perceber que no Brasil
ainda estamos sem recursos razoáveis para atendimento a pessoas que dependam de
órteses, próteses e simples remédios ou fraldas descartáveis...
O desafio começa em nossas universidades, ilhas de cultura
eventualmente alienada, por isso mesmo preocupante, pois dentro desses feudos
culturais poderíamos ganhar luzes que nos faltam. O império da competitividade selvagem,
algo que muitos “consultores” ganham para ensinar, transforma jovens em adultos
distantes das questões sociais e humanas de um Brasil continental, onde suas
riquezas são distribuídas de forma equivocada, mal usadas...
Na palestra sobre ciclomobilidade e suas demandas refizemos
esperanças de viver, em alguns anos, numa cidade melhor (Curitiba) e com ela a lembrança
e preocupação de caminhar em nossas tenebrosas calçadas, ilustradas no dia
anterior em nosso “laboratório”, a Rua das Flores e seu povo caminhante. Boas
ciclovias, calçadas bem feitas, povo mais seguro.
Precisamos de projetos diferentes, sustentáveis e humanos. A
organização de nossas ideias é importante para que possamos enquadrar os
responsáveis pelo Governo em todos os níveis assim como no planejamento de
atividade dentro e fora de nossas “sagradas instituições”.
Existem soluções?
Sim, isso ficou muito claro ao final do dia, quando vimos e
ouvimos uma fração do que se oferece até como possibilidade de produção
nacional. Possibilidade? Sim, desde que mudem os critérios e órgãos como o
BNDES (por ordem de quem?) acreditem mais nos micro e pequenos empresários
brasileiros, deixando de jogar no lixo montanhas de dinheiro com mamutes que se
orgulham de serem arrojados com o nosso dinheiro.
Para concluir a satisfação de ver o prédio do Instituto de
Engenharia com um excelente Centro de Convenções ACESSÍVEL às pessoas com
deficiência e seu Presidente, eng. Cássio José ribas de Macedo, entusiasmado
explicando detalhes e querendo sugestões para melhorar nosso templo da
Engenharia no Paraná.
Cascaes
18.10.2013
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