Contratação, subcontratação e serviços de alta tecnologia.
A tradição define valores relativamente fáceis de
precificar, e quando tratamos de inovação tecnológica, serviços especiais,
profissionais altamente especializados?
No mundo do futebol ninguém discute o custo dos jogadores.
Ao contrário, quando algum atleta consegue um bom contrato é valorizado. Por
quê? Simples, todos entendem um pouco de bola e pernas e assim sabem reconhecer
um astro de méritos superiores. Os jogadores têm em torno deles uma equipe de
mídia e contratadores, gerando custos, mas convencendo os jogadores da plateia
que merecem ser endeusados.
Nas artes musicais, principalmente, um talento especial pode
entrar para a história.
Médicos ficam famosos tratando gente importante e políticos
criando discursos de autoelogio. Generais precisam de guerras enquanto
arquitetos de gente que pague suas excentricidades, mais ainda quando agradam
aos olhos. E na Engenharia?
Alguém já viu turista querendo saber nome de calculistas,
fiscais, construtores? Nem de pirâmides sabemos muito.
Assim vemos com pesar julgamentos contra empresas de alta
tecnologia, usando até argumentos de que subcontrataram outras, tal como
acontece com muita empreiteira considerada grande.
Há dois anos ou pouco mais vi a exposição dos motivos de
criação de uma ONG “estatal” para cuidar de hospital. Chegamos a esse ponto por
quê?
A legislação que “protege” o funcionário público matou essa
função criando privilegiados, muitos deles fazendo de conta que trabalham para
receber salários ridículos. Esse mundo de teatrinhos tem sido extremamente
danoso ao Brasil. Gera dúvidas, desperdício de dinheiro, juízos apressados e
resultados tenebrosos.
Vimos a guerra contra os radares. Realmente o fastígio de
poder viabilizou coisas ruins, mas quantas pessoas de lá para cá morreram ou
ficaram aleijadas porque esses sistemas foram desativados em cidades e
rodovias?
Toda a jurisprudência, legislação, ética e educação em torno
da Engenharia merecem revisões radicais. Somos um país mais e mais confuso,
viabilizando todo tipo de intermediação de negócios.
Queremos um Brasil honesto e sério, que tal começar
eliminando leis e mudando critérios de julgamento, formando-os a partir de
inquéritos que realmente demonstrem má fé e não simplesmente a falta de algum
carimbo ou desrespeito aos tão amados rituais?
Nessa questão até religiosa vemos e esquecemos
comportamentos essenciais à convivência humana. A maioria das pessoas tem
optado por critérios de campo de batalha, onde a disciplina a regulamentos é essencial.
Em tempos de paz o fundamental é o aprimoramento da liberdade, da fraternidade
e a construção de um mundo melhor. Isso não conseguiremos satanizando
instituições e profissionais, simplesmente porque agiram de forma diferente e
distante da compreensão limitada que todos possuímos diante da evolução
exponencial de técnicas, sistemas, equipamentos, processos etc.
Não se deve julgar profissionais vendo-os com as lentes da
Idade Média.
Subcontrata-se engenheiro ao nível
mais baixo por efeito da suprema ignorância que domina nossas mentes e diante
de mídias negativas em torno da profissão há pouco tempo, por exemplo, vendo um
dos programas do Jô Soares, nele o apresentador até procurava ridicularizar a
profissão (engenharia em eletrônica, se não me engano) do músico com quem
falava, que se declarava engenheiro e gostar dessa formação. Ao “dono” do
programa parecia inadmissível que um grande artista pudesse gostar de uma
profissão como esta. Provavelmente esse indivíduo cuja vaidade não cabe em seu
corpo esqueceu grandes artistas e arquitetos da Humanidade, gênios universais,
que fizeram muito mais do que belos quadros.
Os gênios são raros, os grandes
profissionais mais numerosos e bons engenheiros existem e merecem ser bem
pagos, assim como suas pequenas empresas, feitas exatamente para escapar da
legislação perversa criada no Brasil. Nada mais natural, portanto, que para
escapar de contratos ruins e que não atendem o que o contratante deseja que se
procure contornar leis tão simplórias quanto a 8666/93 (Civil).
Cascaes
15.3.2013