Racionamentos e apagões
Estamos em período de insegurança energética, com muitos
fatores mal avaliados e resultados desastrosos. O jogo político prevaleceu
sobre o bom senso e agora pagamos a conta de erros de previsões otimistas ou
simplesmente mal feitas.
O setor elétrico tornou-se um espaço de negociações
empresariais e políticas (da pior espécie) permanentes, talvez com equívocos
enormes diante do enfraquecimento da Engenharia no Brasil e da prevalência de
teses erradas, como, por exemplo, simplesmente baixar tarifas.
Com o desprezo pelas Ciências Exatas que, bem aplicadas,
consideram o mundo probabilístico a partir de estatísticas bem feitas, com
todos os cuidados possíveis, algo que parece faltar nas decisões do Governo Federal,
estamos sofrendo apagões e riscos de racionamento de energia, isso sem contar
com oscilações de tensão e frequência, surtos e outros problemas que só podem
ser percebidos e avaliados por especialistas de altíssimo nível em
eletrotécnica.
Qualidade e segurança em serviços de eletricidade significam
reduzir gastos em eletrodomésticos, lâmpadas que queimam logo, computadores com
comportamentos estranhos etc.
Infelizmente as agências reguladoras sempre foram dirigidas
sob conveniências estranhas e mantidas sem recursos humanos e materiais para
cumprirem suas funções.
Vemos nossas autoridades formais tratando da hipótese de
racionamento com desculpas simplórias. Esquecem até que racionamentos podem
acontecer pela destruição de segmentos do sistema de transmissão e
transformação da energia, além da deficiência de geração. Algumas regiões podem
estar prestes a sentir isso, diante da necessidade de operar o Sistema
Interligado Nacional (SIN) no limite.
Note-se que não falamos das termoelétricas, que em alguns casos
são oficinas que também produzem energia elétrica...
O que incomoda é que o Brasil já passou por essa situação
diversas vezes, de quase racionamento e racionamentos reais. Infelizmente a
eletricidade virou tema de ONGs irresponsáveis e modismos importados. O
Governo, sob pressões políticas, acaba relaxando acontecer para não perder
votos. Carece de mídia adequada e de boa qualidade a suas responsabilidades.
Estamos em período de férias. Nesse tempo de praias e
carnaval muita gente desliga o preocupômetro e deixa rolar para “descobrir” o
Brasil em março. Isso é péssimo e condenável quando os postos de trabalho que
ocupam deveriam ser entendidos como de atenção permanente.
Felizmente agora, graças à internet, redes sociais, blogs,
youtube etc. podemos, quem está “ligado nas tomadas”, colocar essas questões
chatas para muita gente, na esperança que entendam que o futuro delas está em
risco.
Racionamentos e insegurança sobre a qualidade do governo
espantam empreendedores, reduzem a atividade econômica e a oferta de
oportunidades de trabalho. Até planos de aposentadoria aparentemente seguros
poderão naufragar. Nossos aposentados pensaram nisso?
É hora de abastecer a opinião pública com análises ao nosso
alcance. Civismo é compromisso com o povo e o futuro da nação.
Vamos, pois, analisar o que sabemos e colocar nossas
avaliações à apreciação de todos que tiverem interesse no que sabemos. Além do
racionamento, se acontecer, é extremamente importante evitar abusos de
espertalhões querendo faturar com a ignorância técnica de nossos governantes...
Cascaes
8.1.2013